sábado, 19 de maio de 2012

71

Capítulo à Parte

PERSONAGENS, DESTINOS E LUGARES

Pela ordem de chegada na história. Com leves distorções, antes de chegar ao fim.


Graziella Grazzi Berttucci
Casou duas vezes. Ainda bonita, volta e meia, protagoniza escancarados romances tempestuosos. Mora sozinha em Porto Alegre. Vive, com frequência em má-companhia; balzaquiana envolvente e desenvolta sobrevive com dinheiro e luxo de sobra das partilhas dos casamentos e namoros desfeitos.

Vinícius Estrela
O namorado herói de Grazzi daquela festa de arromba mostrou nesta história pouco mais que a sua cara de pau e o caráter de um brigador incontido. Curte hoje a dor e a vergonha de ter levado boina de vaca, num casamento que durou menos de dois anos com a filha de uma vizinha rica. Ele mora sozinho nas cercanias de Remanso dos Palmares. Outro dia, quis retrucar às provocações de um bando de pivetes ratos de praia e acabou se dando mal. Há meses anda de bengala.

Dom Fernando Berttucci
Sua crescente debilidade física acabou determinando o fim precoce de seu pequeno império editorial. Morreu de infarto do miocárdio, em sua residência, num bairro chique da capital gaúcha, pouco depois do falecimento de Helena. Deixou poucos amigos.

Helena Berttucci
Faleceu, por abuso de idade, sem saber de nada. Nunca entendeu como a empresa da família acabou morrendo de falência múltipla. Seus últimos dias foram em Porto Alegre, ao lado do marido. Morreu de cabelos brancos e óculos de vovó, bordando coisinhas para se distrair, numa cadeira de balanço, na sala de visitas de sua casa.

Luciano Nano Berttucci
O primogênito dos Berttucci assumiu o império industrial dos pais. Seu talento para alguns esportes e batalhas de alcova não conseguiu impedir a derrocada empresarial. Morreu de pancreatite, em 2006. Amigos do peito colocaram uma cigarreira de prata dentro do seu caixão.

Túlio Tutti e Paparazzo Berttucci
Resiste ao mundo na pele de Túlio Berttucci, um alquebrado alcoólatra da sociedade decadente que lhe sobrou. Túlio despreza o velho e alquebrado codinome Tutti. Descasado por abandono de lar, tentou morar na Europa. Vive hoje entre Porto Alegre e a praia de Maresia, colada em Onda do Mar, na boca do Atlântico Sul. Beberrão convicto e lorde falido por plena convicção.

Paparazzo
Alter ego de um dos mais reles personagens desta história baseada em fatos e pessoas que seriam reais, não fossem elas todas paridas no ventre da imaginação de cada um desses personagens, todos com mais de uma vida e múltiplas personalidades.

Dom Genaro Moglianno
Amigo de infância dos pais de Fernando e Helena. Peça fundamental para a construção da história do casal em Realeza do Sul. Sua morte foi a mola propulsora do sucesso de dom Fernando Bertucci.

Michello Kazzallette – Comendador
Emigrante italiano. Radicou-se com a mulher e filhos em Realeza do Sul, antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Cresceu trazendo roupas e quinquilharias do Uruguai e da Argentina. Uma das forças-vivas da cidade que o adotou. Morreu com mais de 80 anos. Deixou fortuna. E um sólido complexo de lojas e bazares.

Joaquim O.Silveira de Soares – Seu Joaquim
Chefe dos chefes da confraria portuguesa estabelecida em Realeza. Ligado às principais ações de benemerência da cidade. Manipulador e benfeitor reconhecido e respeitado. Morreu podre de rico. De nó nas tripas.

Patrício Manoel
Português jovem e ambicioso. De todos que conheceu fez escada para subir na vida. Morreu de acidente quando já figurava como um dos mais ágeis e espertos comerciantes da região. A perícia criminal encontrou defeitos de ganância no motor do seu carro destroçado.

Carlos Everton De Letteon
Jornalista de butique. Colunista social, de crônica marrom. Tinha o soçaite embaixo do braço. Biba assumida dava seus tirinhos nas madames dos outros. Acabou levando um na têmpora e algumas facadas no baixo ventre. Morreu. Só morreu. Logo o hight society tinha outro em seu lugar.

Ery Padre Chettola
Padre Chettola era do que não há. Pároco de bairro, depois de cada quermesses que promovia metia festa e festa. Adorava carnaval. Fazia filho nas filhas de Maria. Morreu padre desnaturado, sem ser excomungado.

Marizete
Marionete de Tutti. Governanta dos Berttucci. Usou e abusou da sorte. Acabou se dando mal na vida.

Marcílio
Marido de Marizete por amor e conveniência. Saiu-se bem pior que a mulher. Era quase bem pior que ela.

Irmã Ruth – Madre Superiora
Madre Superiora da mais conceituada escola de freiras da cidade. Passou gato e sapato nas mãos de Grazzi. Foi removida, sem nenhum merecimento, para outro educandário, longe de Realeza do Sul. Nutre uma longínqua e solitária paixão por alguém que não é irmã de Cristo.

CélioProfessor Célio
Professor de Matemática aprendeu tudo mais no mundo com a sua aluna Grazzi. Desandou na vida.

Gezeleyde M. Berttin – A Gorda Gezy
A Gorda Gezy, dentista bem sucedido, nunca saiu de Realeza do Sul. Biba assumida e inteligente ganhou notoriedade acadêmica ao ser eleita, de mentirinha, “Rainha dos Calouros da Odonto” – A Breve. Morreu no seu próprio consultório, com várias facadas no rosto e no tórax. Seu assassino jamais foi capturado. Dizem que a figura do criminoso era a de um jovem paciente, alto, moreno, que estava sendo atendido fora de hora.

Marieta Aldina
Feia como um raio. Usava sua fealdade para ganhar a simpatia da galera. É dentista de sucesso internacional. Casada e tudo.

Kung Fu Tse – Confúcio
Entrou nessa história como Pilatos entrou no Credo. Não tem nada a ver com a coisa.

Darlington PontLove
O cara.

Sílvia de Silva
A noiva do O Cara, depois de se revelar no epitáfio saiu de cena. Vendeu os bens adquiridos com o dinheiro de sua carreira de evil merge, uma escorregadia serial bandit. Conservou o imóvel no balneário de Piriápolis, no Uruguai. Há quem diga que, em certas noites de primavera, sua silhueta circunda o túmulo de Darlington. Não tem como mover uma ação por direitos autorais dessa história. Já os recebeu de Daorla há muitos anos.

Edoardo Santorini – Dado Santorini
De descendência grega, Dado era gerente-geral do Magazine Gigotteghy – uma rede internacional de lojas de departamento. Sua viúva ocupou seu lugar na empresa. A esta altura já se sabe o que foi sua vida.

Wellington Rice
Bonito, charmoso. Maquiavélico por diversão. Mora no litoral nordestino, entre Natal, Fortaleza e João Pessoa. Vende carros e seguros de vida. Não bebe, não fuma, não joga... E também não. Pensa que se endireitou na vida. É tão sem expressão que dizem até que já morreu e não sabe.

Ariadne Santorini
Grega de nascimento, filha de Atenas. Viúva de Edoardo. Assumiu o lugar do marido no Magazine Gigotteghy.

Papalos Pseudopolus
Presidente da rede internacional Gigotteghi. Amante de Ariadne há muitos e muitos anos e pai do último dos três filhos que Edoardo Santorino, em vida evidentemente, pensava serem todos seus.

Paolo Bianco
Bonito, remediado, modelo fotográfico. Colecionador de calcinhas das namoradinhas eventuais, por influência de Nando, o selecionador de pelos pubianos. Morreu de repente, no Rio de Janeiro; ataque do coração, com pouco mais de 50 anos de idade.

Rosilene e Celeste
Nada demais nessas duas garotas da suruba. Elas eram duas suíngueiras da periferia que, por bonitas e bem educadinhas, circulavam na banda transviada com uma desenvoltura de fazer inveja às gatinhas da alta.

Betinho Temprano
Ex-piolho de rico - vive da prestação de leves serviços. É do time dos que não bebem, não jogam e não fumam. Mora em Santa Catarina, de frente pro mar que já nem vê direito, em razão da progressiva miopia.

Geraldo Gegê Rosenberg
Remediado. Agregado ao grupo de rebeldes. Foi morto pelo que chamam hoje de bala perdida. Dizem que sua morte tinha tudo a ver com o que a polícia andou escondendo do Crime na Ponte. Sempre foi bom pra todo mundo e para a camada de emergentes da cidade que pensassem ter sido ele o autor do disparo que matou Darlington. Uma reles alma penada.

Virgininha
Típica cocotinha da época. Loira, era capaz de contar até três, sem titubear. Não gostava de estudar. Gostava de azucrinar. Bundeava com todo mundo. Bonitinha e ordinária. Fingia que estudava, só para namorar a namorada de todo mundo. Dizia-se, com orgulho, a única mulher fresca da cidade.

Fernando Nando Cacillares
Depois de herdar parte de um bom conglomerado de empresas comerciais; de ganhar horrores no jogo; de ter tudo na vida, acabou como administrador de duas acanhadas bancas de camelô em Cerro Baixo, uma florescente cidade próxima a Realeza do Sul. Morreu do coração, em 2004.

Parangolé – O Gordo
Banqueiro do bicho e agiota do submundo regional. Foi isso, até desafiar os astros, enfrentando Cacillares num pôquer com coringa, sem limites.

Carlo De Santos – Delegado De Santos
Delegado de polícia encarregado do caso Darlington. Por essas e muitas outras razões - de difícil explicação - andou levando uns tiros no meio da sua triste carreira. Tanto fez e mandou fazer que acabou metendo uma bala na boca. E não era de hortelã. Seu suicídio foi no dia em que, a pedido da Polícia Federal, viajou para Onda do Mar. Na sua casa os federais abriram um cofre atulhado de dólares, ienes, marcos alemães, joias, e três enormes pacotes da mais pura farinha de trigo.

Zelma Sundermoney
Polaca que virou comerciária que virou madame... Viúva Sundermoney, que virou empresária, que morreu de morte matada por enforcamento.

Sue Wu Li
Casada com Yung Wu Li o importador e exportador que veio da China. Madame Wu circulava nas altas rodas do Cone Sul. Sabia nadar, mas morreu afogada em Maresia. Suicídio, para a polícia. A mesma que não sabia a dieferença entre um destro e um canhoto.

Yung Wu Li
Fazia negócios da China. Não se conformou com a versão de suicídio que a polícia teimava apresentar. Morreu com um tiro na têmpora, na rodovia entre Realeza do Sul e a praia de Maresia. Suicídio, para a polícia. A mesma que concluiu direitinho o que aconteceu com a delicada Sue.

Carlito Kazzallette
Neto do comendador, Carlito envelheceu e foi morar em Ocarina, uma cidade boa pra se jogar carta e apostar em bons cavalos. Cheio de filhos, tem uma agência de turismo no mercado informal. Joga pôquer com os amigos que lhe restam ainda. Em casa. Sem fichas.

Dr. Liberato Bocaccio
Médico, assaltado e vilipendiado em Realeza do Sul foi morar na Espanha, com a mulher Anna Christinne. É hoje sócio-diretor de um dos melhores hospitais espanhóis. Estão cheios de filhos. E de dinheiro. Não têm nenhuma saudade da pátria, nem do cone sul do Brasil.

Dr. Josué Daorla
Advogado de Darlington e Sílvia. Livrou-os de todas. Darlington, apesar dos pesares, morreu como vítima, sem qualquer prova em contrário. Silvia continuou como sua constituinte. É dele, Josué Daorla, o pacote amarelo que tem tudo a ver com essa edição e com o Crime na Ponte.

Anna Christine Bocaccio
É mãe dos filhos com Liberato. No gozo da plena meia-idade continua linda. Poucos dias depois da morte do Dr. Josué Daorla, bateram na porta de sua mansão espanhola. Ela mesma atendeu o carteiro. Recebeu um pacote procedente de Realeza do Sul, Brasil. Sem identificação de remetente. Abriu...

Era um relógio Patek Phillipe.

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